Hoje uma pessoa me pegou pelos ombros, passou os dedos pelo meu cabelo e me mordeu o pulso, seu nome: Meu avô.
É incrível como seu rosto moreno, com o bigodinho clássico, meio Clark Gable e seus olhos verdes me inspiravam a ser moleca, talvez fosse seu sorriso com um fio d`ouro, meio pirata...sempre me levando ao zoológico para ver o bonde em exposição, já corroído pela ação do tempo...e me falava da época em que as pessoas eram felizes com pouco, sem as facilidades do mundo de hoje...acho que sou assim por consequência dele! Sim!! É tudo culpa dele, ter me feito índia, quando o mundo exigia civilização!
Pois eu cresci imitando bem-te-vis, "colhendo " penas pelo chão, girando peõenzinhos [brotinhos secos, sementinas de uma árvore que crescia muito por aqui], afogando pobres minhocas em potinhos com águas, ah como eu adorava cavocar a terra úmida do canteiro que minha vó tanto cuidava...encher os dedos daquela massa fria, e sentir as pobres coitadinhas brigando em minhas mãos...sinto falta, dessa liberdade...
O gosto de goiabada com queijo não é mais o mesmo, as tardes em que jogava o fósforo aceso na xicrinha de café para eu adivinhar um animal para jogar no bicho, me enchem de saudade...os guarda-chuvas de chocolate, e a felicidade em me ensinar, pingo de gente, a dirigir ...


Bem depois desse deja vu...só resta explicar, a mordida
Ele me mordia o pulso, falando que era relógio, depois estralava os dedos falando que eram os ponteiros...

Vovô, como vô o Sr foi o melhor, já como relojoeiro....

Vc é o mais lindo anjo...
Apesar de não ter chorado... vou me lembrar de vc, só enquanto eu respirar!






Um beijo a todos os avós, vovôs e vovós...grisalhos, mulatos, amarelinhos e desbotados...amai para entendê-los!!